Ela começou numa incrível reta
eu não conseguia ver onde era o fim...
no horizonte apenas existia aquela miragem
de quem um dia,eu chegaria naquele oasis
era ingenuidade acreditar
a estrada ainda estava por ensinar-me
ainda existia tanto para ver....para aprender...
porque haveria eu de acelerar?
no início eu gostei...naveguei calmamente
quando encontrei minha primeira tempestade
deslizei pelo asfalto eu já ía tão rápido
que mesmo agua planando não me aconteceu nada
pois continuava naquela eterna recta
ah, mas que recta, era interminável
foram várias tempestades
sobrevivi a todas
eu já acreditava ser filho das nuvens davam-me afecto com relâmpagos...
eu gostava, mesmo sem os merecer
quando o tempo melhorou o Sol reapareceu
clareou o meu caminho então voltei a acelarar mais um pouco
estava tão rápida....eu acreditava que poderia voar...
e tentei...
obviamente não saí um centímetro do solo
faltavam-me as asas....mas eu criei-as,
pouco antes de decolar...desisti
as minhas asas não eram assim tão resistentes
eu estava realmente muito veloz
continuei pela estrada,
tentava olhar por toda a minha volta
tudo passava tão rápido
eu não conseguia focar qualquer objecto
como se tudo fundisse em um só elemento
avistei então uma densa névoa
e mergulhei nela sem desacelerar
eu apenas seguia os meus instintos
percebi então que a estrada tornou-se de sentido único
e mais à frente consegui ver através da névoa
uma sútil inclinação e logo a seguir curvas contra curvas
quanto mais eu entrava naquele jogo
mais eu sentia que estava-me a perder-me
a névoa estava cada vez mais intensa
meus instintos já não me guiavam
a noite tomou conta da fotografia
já não havia outra solução
eu precisava de uma orientação
então pensei... qual é o meu destino?
já estava perdida...sem rumo desde o momento que entrei nesta estrada
não desacelerei um só momento...
Tirei as mãos do volante...
fechei os olhos...
e acelerei até o fim!
fechei os olhos...
e acelerei até o fim!
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